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quarta-feira, novembro 09, 2005

entra-me

E chegaste sem anúncio
Entrando por mim adentro
Como quem entra num automóvel
E parte por aí, à aventura

És como um almocreve
Que me traz novos odores de especiarias

E vieste trazendo contigo outro sabor
Um olhar diferente, um gesto novo
E contigo esqueço os tormentos
Mergulhando em ti nesses momentos

E a réstia de doloroso sentimento
Que não cede mas acalma
Sob o encanto do teu gesto
Parto na tua viagem
Mesmo sem viajar, sem partir, sem ir
Mesmo sem estar

E a memória já não magoa tanto
Porque esse sentimento dorido
Acalma nesse, teu, outro olhar

És um enigma que não resolvo
E assim continuamos por entender
Numa mão cheia de prazer
E um peito acolhido noutro

Solto-me
Preso ainda a umas grilhetas
Solto pareço-me vivo
Mas vivo pareço-me preso
Ainda do profundo sentimento

E se o teu calor me arrefecer esse sentimento outro
Renasço para o mundo que deixei forçado
Preso sou livre, pareço
Livre não passo de preso em começo

Rodopia-me a paixão em tarde de lotaria
Procurando acertar nos números
Que me trazem olhares, mãos e sorrisos



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