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sábado, julho 18, 2009

Peganhento

Colados os barcos ao espelho de água, colada a camisa ao corpo, colada a alma às tripas nesta quentura húmida de Verão sombrio. Presos os pardais ao chão debicando migalhas indolentemente e grudadas as adriças aos mastros sem aragem que as anime nesta pegajosa e quente calmaria escaldam as pedras da calçada e o alcatrão na sombra. Derretem corpos nesta savana estival sem refresco na água tépida imóvel. Exsudando nos areais das praias jazem os corpos inanimados. E do horizonte um ponto se transforma de cinza em branco. Oculta na vaga cavada, apenas com o velame à vista como uma ilha de panos no céu, vem um barco da conquista. Lentamente aproximando, mudo no bater de asa, num desejo maior, na angústia como gaivota pairando no regresso a casa. Os olhos do marinheiro já não fecham nem abrem, são olhos que muito viram, olhos que muito sabem. E peganhento!

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