Bem-vindo à
Idade Tola
Na Idade Média,
o saber era lume,
Na Moderna, a
razão fez-se activa;
A Contemporânea
mostrou o costume,
E a Tola brilha
em vaidade altiva.
Eis a Idade
Tola, império bem vão,
onde o ruído é
rei e a luz mentira;
cada ignorante
julga-se sábio, então,
e a multidão
aplaude o que expira.
Vendemos honra
em praças digitais,
por glórias
breves, fúteis e sem cor;
erguemos
templos aos nossos ideais,
mas esquecemos
o verdadeiro valor.
Belos são os
profetas da ilusão,
se o ouro lhes
sustenta a pregação;
milagres duram
o tempo da atenção,
e o público
aplaude tamanha confusão.
A criança
scrolla antes de falar,
a mãe publica
as unhas e o rubor;
o pai prega
virtude sem praticar,
e a pátria vota
acéfala, sem pudor.
Ó Razão,
fugitiva e desterrada,
partiste acaso
ou foste castrada?
Enquanto a
Terra arde em claridade,
os tolos
brindam à sua insanidade.
O fogo é festa,
a ruína, ornamento,
o crime, meme;
a dor, diversão;
e o bobo,
coroado em falso talento,
governa o
circo, chama-lhe “nação”.
Bem-vindo,
hóspede, à loucura humana,
o mundo brilha,
mas esquece o pensar;
sabemos tudo, e
nada se engana,
inventamos
tudo, mas nada é amar.
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