Gira, gira o catavento
Volteia cortando o ar
Empurrado pelo vento
Roda certo sem pensar.
Num eterno lamento
Diz-me coisas sem falar
Em segredos que conta
Num suave murmurar.
É um vento exaurido
Que parece o suspirar
De um coração ferido
Por não poder amar.
Podias ser catavento
Galo, peixe ou pavão
Afinal és uma flecha
Disparada ao coração.
E este vento amigo
Que traz o teu perfume
Faz-me sonhar contigo
E alimenta-me este lume.
Pára quieto catavento!
E deixa-me descansar
Porque já não aguento
Todo este rodopiar.
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