Não tem exactamente a mesma luz do Algarve mas tem a calma, o verde, o sol e, sobretudo, o silêncio que o Algarve já perdeu há muito. E uma proverbial indolência inerente aos próprios lugares como que envoltos numa manta de retalhos. Uma manta formada pelo riacho que passa delicadamente por entre os seixos, e os medronheiros suavemente embalados pela aragem que se contorce nas encostas, e o brado da rapariga que chama não sei o quê, ecoando em espiral para o vale numa toada longa e musical. E o “você” com que se tratam gentes e animais, próximos ou alheios, numa delicadeza de diminutivos e outros mimos que o isolamento da serra ou a extensão da planície induzem. E é esta quietude que o Alentejo possui, como um segredo do ritmo da vida e da respiração dos seres, é isto que atrai e enfeitiça.
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