Ao figo
Cuidado, gulosos, muita atenção
Sob as figueiras, olho de camaleão
Mirada no figo, mirada no chão
Não seja o caso de pisar poitão.
- Ai que bela recordação.
E o engenho pr’à árvore chegar,
Saltar o muro, na moita agachar,
Esconder na sombra da figueira,
E então, nela, comer a fartar.
- Mesmo à feição.
No início do estio
Marcham marqueses e orjais
E com grande fastio
Também vão lampos e pedrais.
- Que consolação!
A meio do Verão os coitos
Atrás de inchários e braçajotos,
Depois comem-se os vindímos
Já em Novembro os sufenos.
- Ai, a intestinal revolução!
Sorvendo esses frutos divinais
E observando o rasto dum cagão
Vai a mente em figosofias tais
Sobre o calhau deixado no chão
Que depressa passam meses
E arribam os tempos invernais
- Uma desolação.
E lá pr’ó meio do Inverno, o figo torrado, durinho,
Pede bom medronho servido, um a um, ao calcinho.
- Ai, que grande porradão!
Para acabar te digo:
Desta herança dos que já lá vão aos que ainda cá estão,
Come lá mais um figo cá do nosso rincão.
- Ai, ai… corre… corre que vem aí cagação!
Efe – poesia kitschunga
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